QUEDA DE VENDAS NO SETOR DE PNEUS

  • 13/07/2016 17h28
  • São Paulo

 

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), que representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, divulga hoje o balanço setorial do ano de 2015.

Em unidades de pneus
O setor apresentou queda de -1,2% nas vendas ao longo do ano em unidades de pneus. Mesmo com a alta de 9% nas vendas para o mercado de reposição, a forte redução nas vendas de pneus para as montadoras (-23,9%) e para o mercado externo (-1,7%) puxou o setor para o vermelho em 2015.

Em toneladas
Na avaliação por toneladas, que considera o peso por unidade de pneu vendido, o quadro é ainda pior. Neste parâmetro, o setor de pneus registrou queda de -7,6% no total das vendas, também em função do decréscimo das vendas para montadoras (-34,7%) e para exportação (-6,7%).

Equipamento original
Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a retração observada no setor automotivo foi de 26,6% nas unidades negociadas em 2015, o que ocasionou uma queda expressiva nas vendas de pneus para as montadoras, levando à retração de 23,9% de unidades de pneus comercializados em 2015, fortemente impactada pelo fraco desempenho das vendas de pneus de passeio (-22,4%) e de carga (-49,6%). “O pneu de carga é um produto de alto valor agregado, cuja redução nas vendas impacta fortemente as receitas do setor”, avalia Alberto Mayer, Presidente da ANIP. O segmento de pneus de carga decresceu de 1,9 milhão de unidades vendidas em 2014 para 964 mil unidades em 2015.

Mercado de reposição
Em 2015, o mercado de reposição de pneus reduziu 3,7% em relação a 2014, saindo de uma demanda de 62,9 milhões de pneus em 2014 para 60,6 milhões em 2015. Contudo, em 2015, as vendas dos fabricantes nacionais para esse mesmo mercado cresceram 9%. Segundo Mayer, a queda de -29,4% na importação de pneus no mesmo período, motivada pela variação cambial, abriu “espaço” para as vendas dos pneus nacionais no mercado de reposição. “Contudo, a expectativa é de que o mercado de reposição caia no médio prazo, afetando ainda mais as receitas do setor. O consumidor tem optado por manter seu veículo, realizando manutenções que levam à troca de pneus. No entanto, essa substituição não é realizada todos os anos, o que impactará as vendas de reposição”, explica Mayer.

Exportações têm competitividade como “freio”
As exportações de pneus nacionais caíram -1,7% em 2015. Ainda assim, os fabricantes nacionais de pneus seguem contribuindo positivamente para a balança comercial do país, sobretudo devido à queda de -26,8% nas importações dos fabricantes nacionais durante o período, as quais representam 7,5% do total de pneus produzidos no país. Em 2015, a balança comercial dos fabricantes nacionais de pneus obteve um superávit de U$S 743,49 milhões, com saldo de 6,99 milhões de unidades de pneus (exportações menos importações). “Há um esforço para se aumentar a exportação de pneus, porém ainda enfrentamos elevados custos operacionais e tributários no país, que acabam limitando a competitividade do produto no exterior”, destaca Mayer.

Segundo o Presidente da ANIP, a indústria nacional de pneus é pouco beneficiada com a desvalorização cambial, uma vez que grande parte dos insumos utilizados na produção dos pneus no Brasil é importada. “O país não é autossuficiente em borracha natural, por exemplo, por isso é necessário importar, e ainda há uma tributação elevada sobre insumos estratégicos que não estão disponíveis no mercado nacional, comprometendo negativamente a competitividade do setor e, consequentemente, do produto nacional”, pontua.

Livro branco
A necessidade de adoção de políticas que aumentem a competitividade do setor de pneus levou a ANIP a apresentar propostas para alavancar o crescimento do setor, como questões fiscais e tributárias, desoneração do processo de logística reversa, melhor acesso a insumos essenciais para a produção de pneus, estímulos à exportação, implantação de margem de preferência para a indústria nacional nas compras públicas. Essas propostas estão no Livro Branco da Indústria de Pneus, disponível no site da ANIP (www.anip.org.br).

Reciclanip
Em 2015, a Reciclanip, entidade sem fins lucrativos criada pela indústria nacional de pneus para cuidar exclusivamente da coleta e destinação de pneus inservíveis em todo o país, coletou e destinou de forma ambientalmente correta 451,7 mil toneladas de pneus, o equivalente a 90,3 milhões de unidades de pneus de carros de passeio. Nos últimos cinco anos, a entidade superou a meta de reciclagem estabelecida pelo Ibama. No ano passado, o IBAMA divulgou o Relatório de Pneumáticos – Resolução Conama 416/09, em que atesta que a indústria nacional de pneus cumpriu 106,98% da meta de coleta e destinação de pneus, superando-a em 6,98%. Os importadores de pneus, por outro lado, cumpriram apenas 77,9%, aquém do estipulado pelo órgão ambiental.
Desde 1999, quando começou a coleta e a destinação de pneus inservíveis pelos fabricantes nacionais de pneus, 3,57 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 713,4 milhões de unidade de pneus de passeio. Desde então, os fabricantes de pneus já investiram R$ 804,8 milhões no programa até 2015.

Sobre a ANIP e Reciclanip
A ANIP - Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (www.anip.org.br), fundada em 1960, representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende onze empresas (Bridgestone, Continental, Dunlop, Goodyear, Levorin, Maggion, Michelin, Pirelli, Rinaldi, Titan e Tortuga) com 20 fábricas instaladas nos Estados de São Paulo (nove), Rio de Janeiro (duas), Rio Grande do Sul (duas), Bahia (três), Paraná (três) e Amazonas (uma). Ao todo, responde por 27 mil empregos diretos e 120 mil indiretos. O setor é apoiado por uma rede com mais de 5 mil pontos de venda no Brasil com 40 mil empregos.

Em 2007 a ANIP criou a Reciclanip (www.reciclanip.org.br), voltada à coleta e destinação de pneus inservíveis no país. Originária do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, de 1999, a Reciclanip é considerada uma das principais iniciativas na área de pós-consumo da indústria brasileira, por reunir 834 pontos de coleta no Brasil. Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 3,0 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 600 milhões de pneus de passeio. O trabalho de logística reversa da Reciclanip já recebeu vários reconhecimentos, como o Prêmio E, concedido pela UNESCO em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Instituto E, o Prêmio FIESP como exemplo de ação de sustentabilidade, e o Prêmio Opinião Pública (POP) dos Conselhos de Relações Públicas pelo trabalho de conscientização da população sobre o recolhimento e destinação adequada dos pneus inservíveis.

 

Fonte: http://www.anip.com.br/index.php?cont=detalhes_noticias&id_noticia=864&area=41&titulo_pagina=


Edição: Diogo Esperante
Gerente de Projetos pós-graduado pela FEA-RP/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) atua no setor da Borracha Natural a 9 anos e atualmente integra como Analista de Mercado a Equipe de Gestão do Grupo Hevea Forte (heveaforte.com.br). Além de consultor, gerencia a propriedade familiar Fazenda Morada da Prata no interior de São Paulo e em Minas Gerais. Cordenador da Comissão de Políticas Publicas da Câmara Setorial da Borracha, escreve semanalmente neste espaço.