A produção global de borracha natural caiu. Esta é a conclusão do relatório da Associação de Países Produtores de Borracha Natural (ANRPC) publicado neste mês. O total produzido pelos países membros da ANRPC, que representam 90% da produção mundial, caiu -0,3% frente ao mesmo período no ano anterior. Enquanto a produção aumentou durante a primeira metade deste ano na Tailândia (1%) e Vietnã (5,3%), caiu na Indonésia (-0,3%), China (-12%), Malásia (-3,8%) e Índia (-0,3%).
A queda na oferta durante a primeira metade deste ano é surpreendente devido ao fato da área em sangria ter expandido em 243.000 hectares em comparação com o ano passado. A este número a Associação ainda revela que se somam cerca de 130 mil ha na Malásia e 145 mil ha na Índia não estão sendo sangrados devido a baixa atratividade dos preços.
Além disso, o relatório destaca que grande parte dos produtores se abstiveram de realizar os devidos tratos culturais e reduziram sua frequência de sangria. Os impactos destes fenômenos refletiram duramente na média de produtiviade por área explorada.
Restrições na Oferta devem piorar a partir de 2020
Os países membros da ANRPC plantaram 470 mil hectares por ano durante os 3 anos entre 2010-12. A alta taxa de plantio durante este período foi favorecida por preços favoráveis. Mas a queda nos preços desde 2013 afetou de maneira adversa o ritmo de plantios dentre os países. A área de novos plantios nos países membros da ANRPC caiu para 199 mil hetares por ano entre 2013 e 2015. Ainda, a área estimada de novos plantios para 2016 é de apenas 95 mil hectares.
Em relação a baixa taxa de novos plantios registrada desde 2013 vale observar que a taxa de plantas que entrarão em sangria, completos os 7 anos, será menor. Mais especificamente, uma expansão consideravelmente lenta da área em produção é esperada para o ano de 2020 em diante. Isto sugere a possibilidade da oferta mundial enfrentar sérias restrições por pelo menos 7 anos começando em 2020. Uma tendência de baixa na produtividade por área pode agravar ainda mais esta situação.
Edição: Diogo Esperante
Gerente de Projetos pós-graduado pela FEA-RP/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) atua no setor da Borracha Natural a 9 anos e atualmente integra como Analista de Mercado a Equipe de Gestão do Grupo Hevea Forte (heveaforte.com.br). Além de consultor, gerencia a propriedade familiar Fazenda Morada da Prata no interior de São Paulo e em Minas Gerais. Cordenador da Comissão de Políticas Publicas da Câmara Setorial da Borracha, escreve semanalmente neste espaço.